PORTELA - Puxador

BRUNO RIBAS, O NOVO GRITO DE GUERRA DA PORTELA NA SAPUCAÍ (Globo Online – 25/11/04)

Em seu primeiro ano como puxador oficial de uma escola do Grupo Especial, Bruno Ribas já é uma celebridade do samba. Vestindo uma camisa de botão branca impecavelmente passada, perfumado e usando jóias, muitas jóias, Bruno chega atrasado para o ensaio da Portela. O intérprete pede desculpas, mas não poderá falar agora. Justo. Tem uma quadra inteira esperando pelo seu grito de guerra.

- Voa minha águia, mostra para o mundo as nossas oito metas! Entra em cena, Porteeeeeeeeeeela!

A partir daí, é uma hora inteira de samba. E, com a quadra cheia - para uma quarta-feira à noite no fim de novembro -, comanda tudo com mão de ferro. Pede calma à ala das baianas que acelera o samba, ordena o silêncio do cavaquinho para ouvir a galera e não perde o fôlego mesmo sem ficar um segundo sem sambar.

Tira tudo de letra. Experiência acumulada ao longo dos anos. Nascido na Mangueira, sempre teve envolvimento com a música e com o samba. Desde pequeno, Bruno estuda música. Freqüentou por dez anos a escola Villa-Lobos, toca trombone, estudou canto em uma igreja evangélica e está sempre em busca de aperfeiçoar suas técnicas vocais. Há cinco meses freqüenta, duas vezes por semana, as aulas de técnicas vocais da CIGAM, uma escola de música no Centro do Rio.

 uma escola com técnicas pioneiras que trabalha técnicas vocais. Dá pra dizer aí que eu faço la com a professora Tatiana?

Ao lado de Roger Linhares, da Mocidade, de Tinga, da Vila Isabel, Bruno não é o único a estrear neste carnaval. Um sinal de renovação no tradicional e seleto grupo dos intérpretes do Grupo Especial?

- Com certeza, e isso é importante porque você não pode ficar mil anos fazendo a mesma coisa. Tem que se aprimorar, acompanhar a evolução do mundo.

Na galeria de puxadores ilustres, Bruno elege Neguinho da Beija-Flor como seu ídolo.

- É um orgulho, ele é o meu padrinho - diz, empolgado.

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Mas ele garante que, mesmo que as duas escolas cheguem empatadas até o último quesito, torcerá para a Portela.

- Eu torço por mim. Mas na hora da decisão eu torço pela Portela, claro. Aqui é a minha casa - desempata.

Nos dois últimos carnavais ele foi puxador oficial da Inocentes da Baixada, escola do Grupo de Acesso, e acompanhou Neguinho da Beija-Flor, em 2004, no desfile da Beija-Flor. O novo desafio parece não assustar Bruno.

- Dizem que a responsabilidade aumenta milhões de vezes, mas para mim é tudo uma grande diversão, diversão profissional, que me dá prazer - diz.

Trinta anos, pinta de galã, nascido na Mangueira e morador de Irajá. Casado há sete anos, Bruno tem uma filha, quase irmã, de criação de 17 anos. Humilde, diz que o assédio da mulherada depois de sua ascensão ao posto de puxador oficial da tradicional escola de Madureira não mudou a sua rotina.

- Sou um cara tranqüilo. Além do mais, você sempre vai ter um problema ou outro num relacionamento, então eu prefiro ficar só com a minha mulher mesmo.