PORTELA

JEJUM DURO DE ENGOLIR (Claudio Vieira - O DIA – 01/05)

Sem títulos há 20 anos, PORTELA elege renovação como caminho para voltar a vencer .

Dona da maior galeria de campeonatos do Carnaval (21 títulos), a Portela está há pelo menos 20 anos sem vencer. Para 2005, o presidente da escola, Nilo Figueiredo, define suas metas, tão importantes quanto as oito estabelecidas pela ONU para o milênio e que fazem parte do enredo: “Temos obrigação de ganhar de muita gente. A partir do ano que vem, as coirmãs é que terão de suar para ganhar de nós”.

O tamanho do jejum da Águia varia conforme o perfil do portelense. A maioria não abre mão do título de 1984, na inauguração do Sambódromo. Naquele ano, pela primeira vez, o desfile foi dividido em dois dias. Riotur e sambistas (a Liesa só seria fundada quatro meses depois) acordaram que haveria uma campeã para cada dia: a Portela venceu domingo, e a Mangueira, segunda-feira. As três primeiras de cada dia e as duas vencedoras do Grupo de Acesso fizeram, sábado, um supercampeonato, ganho pela Verde-e-Rosa e hoje reconhecido como o resultado oficial.

Os mais exigentes consideram que o último título de fato da Portela foi conquistado em 1980, quando houve empate com Imperatriz e Beija-Flor. Mais orgulhoso ainda, o presidente Nilo afirma que a última vitória de verdade foi a de 1970, quando a Águia conquistou sozinha. E lá se vão 35 Carnavais...

Os 21 desfiles do Grupo Especial no Sambódromo contaram com a participação de 29 escolas. Apenas seis estiveram presentes em todos: Imperatriz, Beija-Flor, Mangueira, Mocidade, Salgueiro e Portela – esta a única a não se sagrar campeã no período. Nilo Figueiredo arrisca explicação: “A Portela não rejuvenesceu. Continua desfilando como em 1970. Não se adaptou às transformações que o espetáculo exige”.