Majestade do Samba

PORTELA é FATO E FOCO



terça-feira, 5 de setembro de 2017

O Mistério do Samba (Sambanet)

O MISTÉRIO DO SAMBA EM AZUL E BRANCO (sambanet – Set/08)


Na última sexta-feira estreou “O mistério do samba”, longa de Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor sobre o cotidiano e a riqueza arística da Velha Guarda da Portela. Além dos imortais portelenses Jair do Cavaquinho, Monarco e Tia Surica, o filme traz depoimentos de Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola e Marisa Monte, todos destacando a importância da Velha Guarda em suas formações musicais.

Por e-mail, o blog entrevistou o diretor Lula Buarque de Holanda, que nos falou, entre outras coisas, do plano de uma possível exibição do longa no bairro de Oswaldo Cruz. 

Produzido em conjunto pela Conspiração Filmes e Phonomotor, “O mistério do samba” é fruto de quase 10 anos de pesquisa e 200 horas de filmagem. Alguns críticos brasileiros já se anteciparam em apontar o documentário como o “Buena Vista Social Club Brasileiro”. Lula Buarque, no entanto, avisa: “Quando fizemos as primeira filmagens o Buena Vista ainda não tinha sido filmado.” 

1 - Vocês colheram material junto aos bambas da Portela por quase 10 anos. Como foi organizar tudo e montar em pouco mais de uma hora de filme? 

Nós começamos as filmagens sem um roteiro, filmando intuitivamente o que nos parecia mais emocionante. Quando conseguimos o patrocínio da Natura para finalizar o projeto, ficamos cinco meses limpando o material na ilha e reduzimos para oito horas de material num primeiro momento até chegar a três horas de bruto. Neste momento começamos a definir o roteiro e as novas cenas que seriam filmadas. Com mais 30 horas de material , ficamos mais quatro meses até chegar ao corte final.

2 - No total, foram mais de 200 horas de gravação, o que nos deixa curioso a respeito do material que ficou de fora. Certamente há muita preciosidade no baú. A respeito desse material inédito e de valor histórico, há planos para levá-lo ao conhecimento do público? Quais?

Um dos pecados mais comuns no cinema é o excesso. Nos preocupamos em fazer um filme com um ritmo instigante e não podíamos usar tudo. No DVD vamos usar bastante coisa que ficou de fora. O resto do material vai ficar na “adega” da Conspiração.

3 - A imprensa vem apontando o “Mistério do samba” como uma espécie brasileira de “Buena Vista Social Club”, de Win Wenders. Até que ponto a comparação procede? Essa necessidade de comparar produções nacionais à estrangeiras te incomoda?

Na verdade os dois filmes são primos. Quando fizemos as primeira filmagens o Buena Vista ainda não tinha sido filmado. O fato de filmar mestres das duas culturas foi uma sincronicidade. A comparação é natural

4 - O samba atravessou o século passando por diversas transformações: do namoro com o Jazz, na bossa nova, até as recentes fusões com a música eletrônica e até com o hip hop. Qual seria o mistério dessa música que se faz cada vez mais atemporal e universal?

No caso do nosso filme o mistério que sugerimos revelar é a simplicidade. Como aquele cotidiano de Oswaldo Cruz se transforma em poesia. O samba tem uma força de raiz , de base da nossa cultura. Nada parece ser capaz de exterminá-lo. A fusão com outros ritmos faz parte do seu poder transformador.

5 - Por que um gênero musical que é a base da música brasileira ainda é marginalizado a ponto de não haver, como mostra o filme, o registro de muitas das canções pesquisadas?

A Marisa fala que fazer a produção de um disco como o Tudo Azul faz parte de sua missão como cidadã. Não podemos esperar que o estado resolva todas as nossas deficiências. O filme, esperamos, vai estimular em muitas pessoas, este desejo de preservar o que está quase esquecido.

6-Vocês têm em mente expor o filme em Oswaldo Cruz, para as pessoas que moram lá? 

Num futuro próximo vamos exibir o filme no Portelão para a comunidade portelense. Possivelmente em um Domingo logo após a feira das Iabás, organizada pelo Marquinhos de Oswaldo Cruz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário