O TREM DOS BAMBAS (O GLOBO - 04/12/2007)
Músicos e pastoras se divertem no Dia Nacional do Samba
Tia Doca e Monarco: Roda de Samba no primeiro vagão.
PORTELINHA
Uma multidão tomou o trem da Central rumo a Oswaldo Cruz para comemorar o Dia do Samba, anteontem. A festa tinha começado mais cedo, com o plantio de uma jaqueira na Praça da Portela, em Madureira, quando sambistas entoaram a capela “Jaqueira da Portela”, de Zé Ketti. “Em 1953, havia uma jaqueira na Portelinha. Agora, plantamos outra”, contava Marquinhos de Oswaldo Cruz.
Uma multidão tomou o trem da Central rumo a Oswaldo Cruz para comemorar o Dia do Samba, anteontem. A festa tinha começado mais cedo, com o plantio de uma jaqueira na Praça da Portela, em Madureira, quando sambistas entoaram a capela “Jaqueira da Portela”, de Zé Ketti. “Em 1953, havia uma jaqueira na Portelinha. Agora, plantamos outra”, contava Marquinhos de Oswaldo Cruz.
BATOM ROXO
Dentro do trem, Tia Surica retocava o batom roxo, com a ajuda de um espelhinho. “Sou vaidosa, minha filha”, ria. Neide Santana, outra tia da Portela, preferia um gloss “brilhantão”. Ela distribuía lascas de gengibre para as pastoras da escola. Mas, com um temperinho extra, porque ninguém é de ferro. “Coloquei sal e ajinomoto.” Tia Doca e Áurea Maria, de trancinhas nagô, completavam o grupo de senhoras vestidas de branco com blusas e chapeuzinhos rendados. “Branco é neutro, e hoje é o dia de todas as escolas”, explicava Tia Surica.
Dentro do trem, Tia Surica retocava o batom roxo, com a ajuda de um espelhinho. “Sou vaidosa, minha filha”, ria. Neide Santana, outra tia da Portela, preferia um gloss “brilhantão”. Ela distribuía lascas de gengibre para as pastoras da escola. Mas, com um temperinho extra, porque ninguém é de ferro. “Coloquei sal e ajinomoto.” Tia Doca e Áurea Maria, de trancinhas nagô, completavam o grupo de senhoras vestidas de branco com blusas e chapeuzinhos rendados. “Branco é neutro, e hoje é o dia de todas as escolas”, explicava Tia Surica.
TUFÃO
No primeiro vagão, a Velha Guarda da Portela animava uma roda de samba. E dá-lhe “Coração leviano”, de Paulinho da Viola, e “Esta melodia”, de Jamelão e Bubu da Portela. O público fazia do teto e das paredes do trem surdos e pandeiros improvisados. “Fico louca com a bateria”, gritava Jaqueline Inácio, passista da Portela. A bela mulata de 1,80m, com argolão e jeans justérrimo, tinha um tufão nas cadeiras e rebolava muiiiito no pouco espaço que sobrava dentro do trem lotado.
No primeiro vagão, a Velha Guarda da Portela animava uma roda de samba. E dá-lhe “Coração leviano”, de Paulinho da Viola, e “Esta melodia”, de Jamelão e Bubu da Portela. O público fazia do teto e das paredes do trem surdos e pandeiros improvisados. “Fico louca com a bateria”, gritava Jaqueline Inácio, passista da Portela. A bela mulata de 1,80m, com argolão e jeans justérrimo, tinha um tufão nas cadeiras e rebolava muiiiito no pouco espaço que sobrava dentro do trem lotado.
ROUPA DO CALOR
No meio da bagunça, seu Casemiro, cuiqueiro da Portela de 87 anos, tirava uma soneca de vez em quando. “O barulho não atrapalha, tô acostumado”, dizia. E como. Ele sai no Trem do Samba há 67 anos. Elegante, seu Casemiro usava óculos Ray-Ban amarelo e blusa de crochê, toda furadinha. “É para passar uma brisa.” Ao lado, Monarco zoava do amigo, que é viúvo. “Ele gravou ‘Perdoa meu amor’ com a Marisa Monte, ganhou dinheiro e as mulheres caíram em cima. Quero ver quando o dinheiro acabar...”, ria.
No meio da bagunça, seu Casemiro, cuiqueiro da Portela de 87 anos, tirava uma soneca de vez em quando. “O barulho não atrapalha, tô acostumado”, dizia. E como. Ele sai no Trem do Samba há 67 anos. Elegante, seu Casemiro usava óculos Ray-Ban amarelo e blusa de crochê, toda furadinha. “É para passar uma brisa.” Ao lado, Monarco zoava do amigo, que é viúvo. “Ele gravou ‘Perdoa meu amor’ com a Marisa Monte, ganhou dinheiro e as mulheres caíram em cima. Quero ver quando o dinheiro acabar...”, ria.
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