Majestade do Samba

PORTELA é FATO E FOCO



sábado, 30 de julho de 2016

PORTELA 2008 (Preparativos)

PINCELADA VERDE NA AZUL-E-BRANCO (JB ONLINE – 16/12/07)


Quando a azul-e-branco de Madureira pisar a Passarela, um aroma de floresta entrará na Avenida, entranhado nos componentes. Com o enredo Reconstruindo a natureza, recriando a vida: O sonho vira realidade, a Portela - que não ganha um carnaval desde 1984 - vai brigar por uma vaga entre as campeãs. Nesta empreitada, o carnavalesco Cahê Rodrigues tem muitos obstáculos a vencer. Um deles é modernizar uma agremiação tão arraigada no tradicionalismo. 

- É difícil inovar sem agredir, mas esta é nossa meta para o desfile deste ano - admite Cahê e exemplifica, com a ala das Damas da Dodô, seu desafio constante - Elas vêm com sombrinha. São senhoras que não podem estar vestidas de melindrosa. E, ao ver o croqui da nova fantasia, a Dodô me ligou e me emocionou. Disse que, por mim, ela tiraria o chapéu. Posso sair daqui e todas estas pessoas, essa tradição, vão continuar. 

O que fez Dodô se derreter foi saber que suas meninas representam flores do Jardim Botânico. 

A águia também está entre os pontos tradicionais que não ficam de fora dos desfiles em hipótese alguma. E, para 2008, o símbolo da agremiação foi confeccionado ainda maior, com 25 metros de comprimento. Apesar de não dizer como, Cahê garante que irá inovar. 

- É nosso grande amuleto - justifica Cahê. - Já até pensei em tirá-la dos desfiles, mas a idéia não vinga. Há também uma cobrança forte na presença do azul. 

Livros de botânica 

Como nem só de águia se mantém uma escola no Grupo Especial, Cahê foi buscar em livros de botânica e sobre o meio ambiente inspiração para carros e alegorias. 

- Da National Geographic vieram também inspirações. 

Para o enredo meio verde, meio azul, Cahê terá alas coreografadas com movimentos da natureza e um discurso alto astral. 

- A proposta é mostrar soluções viáveis para um planeta saudável. - diz Cahê. - Não teremos carros com poluição. Todas as escolas que já falaram sobre este mesmo assunto levaram para o lado negativo. Mostraram os seres humanos sofrendo. Vamos mostrar o belo.

PORTELA 2008 (Planejamento)

PLANEJAMENTO (O GLOBO – Jornais de Bairros - 16/12/2007)

A ajuda de R$1 milhão de empresas petroquímicas a cada escola do Grupo Especial vem em boa hora para a Portela, que não tem patrocínio. 

O dinheiro, dado a pedido do presidente Lula, permitirá aumentar os pagamentos à vista a fornecedores, diminuindo as dívidas para depois do carnaval. A escola planeja um desfile de R$5 milhões.

PORTELA (Visitas)

PORTELA: ELENCO DE 'DUAS CARAS' VISITA QUADRA DURANTE O ENSAIO DESTA SEXTA-FEIRA (O DIA – 12/12/07)

A quadra da Portela, em Madureira, vai ficar repleta de famosos na próxima sexta-feira, dia 14. Com o objetivo de retribuir a homenagem que recebeu de Aguinaldo Silva e de toda a equipe da novela "Duas Caras", a escola receberá, com festa, elenco, direção e produção da trama das 21h da Rede Globo. 

O diretor Wolf Maya será homenageado e receberá, das mãos do presidente Nilo Figueiredo, um troféu em forma de águia, símbolo da azul e branco. Todos os convidados serão recebidos pelos principais segmentos da escola, como bateria, passistas, baianas e casais de mestre-sala e porta-bandeira. A chegada dos artistas à quadra, que fica na rua Clara Nunes, 81, está marcada para as 23h.

Clara Nunes (Exposição)

CLARA NUNES (O GLOBO – 10/12/07)

É hoje, às 18h, na Cidade do Samba, a inauguração da exposição "Clara Nunes - Guerreira da Utopia.

A exposição se encontra no barracão 0 (zero). Com a curadoria de Milton Cunha e baseada no livro do autor Vagner Fernandes.

Cidade do Samba - Rua Rivadávia Corrêa, 60 - Gamboa.

PORTELA 2008 (Atrizes)

PORTELA TERÁ TIME DE ATRIZES NO DESFILE DE 2008 (O DIA – 10/12/07)


Com direito a carro alegórico com sua tradicional águia, a Portela fez seu primeiro técnico no Sambódromo, no último sábado. Acompanhada do namorado Maurício Mattar, a atriz Paola Oliveira, destaque da escola, mostrou samba no pé e rebolou até o chão.

Rainha da bateria, Adriana Bombom fez bonito na Avenida ao lado dos ritmistas. Para o Carnaval 2008, a Portela vai contar ainda com mais duas beldades: Thayla Ayala e Débora Nascimento. As duas vão desfilar pela pela Azul-e-Branco, mas ainda não sabem se vão sair em algum carro ou no chão.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

PORTELA (Ensaio Técnico)

BALUARTES E ALEGORIA ENGRANDECEM APRESENTAÇÃO DA PORTELA (O DIA – 09/12/07)


O cantor Gilsinho mostrou a competência habitual, mas os componentes não fizeram sua parte e deixaram o ensaio morno em diversos setores. A harmonia também falhou, e a bateria, durante diversos momentos, teve que se apressar para não se distanciar da ala da frente. 

Os grandes nomes da escola, no entanto, fizeram questão de participar da apresentação. E cada um com a responsabilidade de comandar uma ala ou setor. Waldir 59, um dos maiores vencedores de samba-enredo da Portela, veio à frente da escola, comandando o abre-alas. Tia Dodô, no alto de seus 86 anos, talvez tenha sido a componente mais animada de toda a Sapucaí. Com elegância, a lendária porta-bandeira veio à frente da ala das damas. Já Tia Surica fez de tudo. Sambou com Adriana Bombom na bateria, tirou fotografia e até exigiu mais garra de uma ala quando a escola passou diante do setor 11.

Falhas de evolução

A ensaio da Portela teve mais acertos do que erros. Inexplicavelmente, o samba não rendeu o esperado. Algumas alas também não ajudaram e vão precisar de um "aperto" da harmonia da quadra. A evolução da escola foi ruim em vários momentos. Para o desespero do presidente Nilo Figueiredo, que monitorou o desempenho da bateria de Mestre Nilo Sérgio desde o setor 1, a direção de harmonia não esteve nos seus melhores dias e não conseguiu parar a escola na hora devida. Pelo menos diante de duas cabines de jurados (usadas como marcacão nos ensaios), alas que estavam à frente da bateria não pararam e buracos se abriram. 

Coreografada por Jorge Teixeira, a comissão de frente usou a apresentação deste sábado mais para se ambientar com o "terreno". Nesse setor inicial, porém, o destaque maior foi a atuação da porta-bandeira Alessandra Bessa que mostrou-se firme e muito entrosada com o mestre-sala Diego Falcão.

Leve com uma pluma, Alessandra deu um show de amadurecimento (será seu segundo ano na função) e de trabalho bem feito. Deu gosto ver a dupla dançando neste sábado. A atriz Paola Oliveira veio como destaque em uma das alas. Em 2008, a azul-e-branco apresentará o enredo "Reconstruindo a Natureza, recriando a vida: o sonho vira realidade".

PORTELA (Copacabana)

PORTELA INAUGURA ÁRVORE DE NATAL EM COPACABANA (site da Escola – 07/12/07)

Alunos do projeto social da escola são responsáveis pela ornamentação!


Cenário dos mais bonitos e famosos do mundo, Copacabana vai ganhar, no próximo domingo, mais um enfeite para chamar a atenção de cariocas e turistas. A convite da Orla Rio, a Portela vai inaugurar, no calçadão da praia, uma árvore de Natal confeccionada por alunos do projeto social "Juventude que samba, trabalha e é feliz", que funciona no barracão da escola, na Cidade do Samba, e atende a 360 jovens de comunidades carentes do Rio. 

O monumento, que terá cinco metros de altura e 3 de largura, foi feito com uso de material reciclável, numa alusão ao enredo "Reconstruindo a natureza, recriando a vida: o sonho vira realidade", que a Portela vai levar para a Sapucaí no Carnaval 2008. 

Outro detalhe da árvore de Natal, que será acesa às 18h, é que, ao contrário das convencionais, esta será nas cores da escola: azul e branco.

Durante a inauguração, alunos do "A gente quer arte", outro projeto social mantido pela agremiação, se apresentarão, numa festa que terá direito a show com bateria, passistas e casais de mestre-sala e porta-bandeira.

A árvore de Natal da Portela ficará exposta no calçadão de Copacabana, entre as ruas Figueiredo Magalhães e Siqueira Campos.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

PORTELA (Recife)

PORTELA PROVA QUE É AINDA MAIS QUERIDA (Folha de Pernambuco – 03/12/07)




Integrantes da Tabajara no Recife

A Portela “bombou”. Assim o Jornal Folha de Pernambuco se referiu à apresentação da Portela no dia 1º de dezembro, em Recife. Além do frevo no pé, os pernambucanos mostraram que também são bons de samba. Essa afirmação pode soar estranha, mas quem esteve sábado no Clube Líbano, no bairro do Pina, para acompanhar a quarta edição do projeto Na Roda de Samba sabe que não se trata de exagero. O clube estava completamente lotado. Segundo os jornais, foi a maior platéia desde o início do projeto.

A Águia de Oswaldo Cruz, aliás, era a grande estrela da noite. No entanto, os artistas locais que subiram antes ao palco deram um verdadeiro show. Com destaque para Gerlane Lops, que exibiu muita desenvoltura tocando pandeiro e tamborim, além de presentear o público com clássicos de Clara Nunes, Cartola e Noel Rosa, só para citar alguns. Reforçaram ainda o talento pernambucano para o samba Allexa, Belo Xis e o conjunto Papo de Samba, todos eles grandes anfitriões para a Portela, que mostrou por que o bairro de Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, é reduto de samba. 

A bateria nota 10 da Portela entrou no salão depois das nove e meia da noite. Nilo Sérgio tinha os músicos na mão e deu uma aula de como é que se comanda os ritmistas na Sapucaí, com o samba puxado por Gilsinho e a harmonia pelo cavaquinho de Leandro Bastos. 

Se havia alguém que não sabia sambar ou não se empolgou, tudo mudou quando Lisandra, Jana e Natália, passistas da Portela, foram entrando uma a uma no palco. Aí, as atenções se voltaram para elas. As três mulatas deram um show à parte, levantando a platéia do Clube Líbano.

Impossível ficar parado ao ouvir “Portela, eu nunca vi coisa mais bela/Quando ela pisa a passarela/E vai entrando na avenida”. Destaque também para “Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite”, de 1981, “Contos de Areia”, de 1984, e “Gosto que me enrosco”, de 1995. E como não poderia faltar, Gilsinho cantou os sambas “Linda, eternamente Olinda”, de 1997, e “Cem anos do frevo, é de perder o sapato. Recife mandou me chamar”, que a co-irmã Mangueira levará para a avenida no próximo ano. Enquanto o intérprete Gilsinho cantava “Foi um rio que passou em minha vida”, de Paulinho da Viola, à capela, uma senhora, em pé numa cadeira, chorava copiosamente.

A Portela comprovou, mais uma vez, que é uma das mais queridas agremiações do carnaval brasileiro.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Portelenses (Trem dos Bambas)

O TREM DOS BAMBAS (O GLOBO - 04/12/2007)

Músicos e pastoras se divertem no Dia Nacional do Samba 

Tia Doca e Monarco: Roda de Samba no primeiro vagão.

PORTELINHA

Uma multidão tomou o trem da Central rumo a Oswaldo Cruz para comemorar o Dia do Samba, anteontem. A festa tinha começado mais cedo, com o plantio de uma jaqueira na Praça da Portela, em Madureira, quando sambistas entoaram a capela “Jaqueira da Portela”, de Zé Ketti. “Em 1953, havia uma jaqueira na Portelinha. Agora, plantamos outra”, contava Marquinhos de Oswaldo Cruz. 

BATOM ROXO

Dentro do trem, Tia Surica retocava o batom roxo, com a ajuda de um espelhinho. “Sou vaidosa, minha filha”, ria. Neide Santana, outra tia da Portela, preferia um gloss “brilhantão”. Ela distribuía lascas de gengibre para as pastoras da escola. Mas, com um temperinho extra, porque ninguém é de ferro. “Coloquei sal e ajinomoto.” Tia Doca e Áurea Maria, de trancinhas nagô, completavam o grupo de senhoras vestidas de branco com blusas e chapeuzinhos rendados. “Branco é neutro, e hoje é o dia de todas as escolas”, explicava Tia Surica. 

TUFÃO

No primeiro vagão, a Velha Guarda da Portela animava uma roda de samba. E dá-lhe “Coração leviano”, de Paulinho da Viola, e “Esta melodia”, de Jamelão e Bubu da Portela. O público fazia do teto e das paredes do trem surdos e pandeiros improvisados. “Fico louca com a bateria”, gritava Jaqueline Inácio, passista da Portela. A bela mulata de 1,80m, com argolão e jeans justérrimo, tinha um tufão nas cadeiras e rebolava muiiiito no pouco espaço que sobrava dentro do trem lotado. 

ROUPA DO CALOR

No meio da bagunça, seu Casemiro, cuiqueiro da Portela de 87 anos, tirava uma soneca de vez em quando. “O barulho não atrapalha, tô acostumado”, dizia. E como. Ele sai no Trem do Samba há 67 anos. Elegante, seu Casemiro usava óculos Ray-Ban amarelo e blusa de crochê, toda furadinha. “É para passar uma brisa.” Ao lado, Monarco zoava do amigo, que é viúvo. “Ele gravou ‘Perdoa meu amor’ com a Marisa Monte, ganhou dinheiro e as mulheres caíram em cima. Quero ver quando o dinheiro acabar...”, ria.

terça-feira, 5 de julho de 2016

PORTELA (Futuro)

ALUNOS E PROFESSORES DE MADUREIRA TORCERÃO PELA VITÓRIA DA PORTELA (site da Escola – 03/12/07)


O futuro Portelense

"Durante toda minha vida de trabalho, jamais vi ou tive conhecimento de um projeto tão importante unindo a Escola de Samba às Escolas Municipais. Ao levar o seu enredo para os nossos estabelecimentos de ensino, a Portela não apenas enriqueceu as pesquisas que nossos alunos já faziam sobre o meio ambiente, mas também despertou em cada um desses jovens a responsabilidade para a preservação ambiental. Esse vínculo tornou-se muito forte e saibam que, em fevereiro, mais de 100 mil pessoas, reunindo diretores, professores, alunos e seus pais estarão todos torcendo pelo sucesso da Portela na Avenida".

As palavras são da coordenadora da 5ª Coordenadoria Regional de Educação do Município, Célia Napole, na cerimônia de encerramento da primeira fase do Projeto Junte-se a Nós!, desenvolvido pelo Departamento de Projetos Sociais da Portela com a 5ª CRE, da Secretaria Municipal de Educação. 


Emocionada com as palavras da educadora, a coordenadora de Projetos Sociais da Portela, Val Carvalho, afirmou que os projetos sociais da Escola estão de portas abertas para receber as crianças encaminhadas pela 5ª CRE. "Eles poderão aprender a arte do samba na nossa quadra e participar de atividades de aprendizado em nosso barracão. Este é o papel social da Portela para com a sua comunidade" – ressaltou.

De outubro a novembro, alunos com idades entre 6 e 16 anos realizaram trabalhos de desenho, produção textual (redações, pesquisas, poemas, poesias, etc.) e maquetes sobre o enredo "Reconstruindo a Natureza, Recriando a Vida: O sonho vira realidade".

Técnicos e professores da 5ª CRE fizeram a seleção de nove finalistas de cada modalidade, cabendo ao júri integrado pelo carnavalesco Cahe Rodrigues, a publicitária Marta Queiroz, o jornalista Cláudio Vieira – autores do enredo -, os compositores Júnior Escafura e Celsinho de Andrade, dois dos cinco autores do samba-enredo, e técnicos do Departamento de Projetos Sociais da Portela a indicação dos vencedores.

Vencedores – Desenho – 1º lugar: Gustavo Soares de Almeida, EM Bolívia; 2º - Larissa pacheco Cosentino – EM Bolívia; 3º - Linn Marques Sacramento – EM Quintino Bocaiúva; Produção textual – 1º lugar – Pedro Rafael Figueiredo – EM Quintino Bocaiúva; 2º - Caroline da Silva Leite – EM Embaixador João neves da Foutoura; 3º - Tadeu Franco da Fonseca – EM Quintino Bocaiúva; Maquete – Turma 1.401 da EM Astolfo Rezende, orientada pela Profª Mônica.

Prêmios - Os ganhadores receberam livros da Ediouro Publicações e da Íris Editora, além de kits da Fox Film do Brasil sobre o lançamento do filme Horton que acontecerá em janeiro, e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente – que também distribui mudas de plantas, simbolizando sementes da Portela. A turma vencedora da maquete participará de uma excursão guiada ao Parque de Marapendi.

Autoridades - Além da coordenadora da 5ª CRE, estiveram presentes à solenidade a assessora adjunta Simone Nunes e a diretora da Divisão de Educação Márcia Amenta, daquela Coordenadoria; Danielle Simas, diretora do Centro de Educação Ambiental, representando a secretária municipal de Meio Ambiente, Rosa Fernandes; e o presidente do Rotary Club de Madureira e diretor da Associação Comercial de Madureira, Helio Alves Benício.

Delegações - As Escolas Municipais da região foram representadas por delegações de professores e alunos dos seguintes estabelecimentos: Desembargador Montenegro, Bolívia, Maria Baptistina Dufles Teixeira Lott, Olegário Mariano, Mozart Lago, Quintino Bocaiúva, Aldemar Tavares, Embaixador João neves da Fontoura, Sílvio Romero, Irineu Marinho, Oswaldo Goeldi, Barão do Amparo, Ministro Edgar Romero e Astolfo Rezende.

Durante o evento, a Piraquê serviu o lanche da garotada.

Trem do Samba (Rumo à Oswaldo Cruz)

PAGODE DO TREM REÚNE MILHARES DE PESSOAS NA CENTRAL DO BRASIL E EM OSWALDO CRUZ (O DIA – 03/12/07)

Sambistas indo em direção à Oswaldo Cruz!

“Tem muita gente que acha que 2 de dezembro é o Dia Nacional do Trem, e não do Samba, porque foi o evento no trem que fez esse dia ser comemorado”, contou o idealizador, Marquinhos de Oswaldo Cruz.

A festa começou às 11h em Oswaldo Cruz, onde o busto de Paulo da Portela foi lavado e foi plantada uma jaqueira, um dos símbolos da escola. Na Central, os shows iniciaram às 14h, com a Orquestra Feminina de Percussão. Marquinhos de Oswaldo Cruz recebeu as diversas Velhas Guardas do Rio. Às 17h30, saiu o primeiro trem para Oswaldo Cruz. “Samba é no terreiro, é dentro do trem”, elogiou Monarco.

Cerca de 20 mil pessoas se dirigiram para o bairro, onde às 18h já havia acontecido o desfile do Bloco Barra Preta. A partir das 19h, o público pôde assistir a shows em três palcos diferentes, com atrações como Diogo Nogueira, Almir Guineto e Mauro Diniz, entre outros.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Paulinho da Viola (Encontros)

LEMBRANÇAS E SUCESSOS DE PAULINHO DA VIOLA  (O GLOBO - 01/12/2007)

Convidado dos Encontros O GLOBO Especial Música, sambista canta e tira dúvidas de jornalistas e leitores.

Antes de entrar no palco como convidado do Encontros O GLOBO Especial Música, anteontem, no auditório do jornal, Paulinho da Viola teve um breve encontro com seus entrevistadores — os jornalistas Antônio Carlos Miguel, João Máximo e Zuenir Ventura. Brincando, pediu a eles que não fizessem perguntas difíceis. Não adiantou. Muitas delas foram recebidas com um sorriso e um “essa é difícil” — desde sua relação com as escolas de samba até a falta de canções dedicadas ao seu Vasco da Gama, passando pelo Karmann-Ghia que está estacionado em sua garagem desde que foi comprado, em eterna restauração (um de seus hobbies extra-música, ao lado da marcenaria).

- Quando o comprei, minha mulher estava esperando meu filho Pedrinho. Prometi que ia buscá-la na maternidade com o carro. Pedrinho já fez 21 anos e o carro continua lá — lembrou, para os risos da plateia.

Se no caso do Karmann-Ghia o “essa é difícil” vinha do constrangimento em assumir uma pequena esquisitice de sua personalidade, nas outras ele vinha mesmo da complexidade do assunto. Ou na complexidade do olhar de Paulinho sobre o assunto. A cada pergunta, o compositor se lançava numa longa e intrincada resposta, pontuada por reminiscências, abrindo parênteses que nem sempre se fechavam, procurando cercar todos os lados da questão — com a serenidade de quem reforma um carro ou constrói uma estante, sem pressa.

Um exemplo: ao ser perguntado sobre como se relaciona com as escolas de samba hoje, Paulinho lembrou, serenamente, como surgiu a primeira ala de crianças do carnaval carioca e uma conversa que teve com o responsável pelo som da Sapucaí sobre o alto volume da voz do puxador, que se sobrepõe ao coro dos componentes. No cerne da resposta, defendeu o que já disse em “Argumento”: “Faça como o velho marinheiro/ Que durante o nevoeiro/ Leva o barco devagar”.

- A escola tem uma história, sambas maravilhosos, e não pode dar as costas para isso. Não pode só pensar em dinheiro para ganhar carnaval. Dinheiro é ótimo, mas não pode ser só isso, porque senão não fica nada — argumentou. — Encontrei um diretor e, quando perguntei sobre a escola, a primeira coisa que ele me disse foi: “Estamos ótimos, botando dez mil pessoas no ensaio”. Para mim, é gente demais. Essa grandiosidade não pode ser o único parâmetro.

Sua história com as escolas, mais precisamente sua Portela, marcou um dos melhores momentos da noite. João Máximo repassou o pedido de um leitor do Globo Online, para que ele cantasse “Memórias de um sargento de milícias”, samba-enredo dele com o qual a escola desfilou em 1966. A primeira reação foi a cara de “essa é difícil”:

- Quem gravou essa não fui eu, foi Martinho (da Vila). Quando foi gravar, ele pediu para que eu cantar para ele ver certinho como era. Eu falei: “Canta o que você lembra para eu ouvir”. Quando terminou, eu disse: “É assim mesmo...” (risos)

Em seguida, puxou pela memória e tocou a primeira parte do samba. Ao fim, disse que era inexperiente quando o compôs e “defeitos” na composição (nota máxima e campeã do carnaval), ilustrando ao violão: o início (“Era no tempo do rei...”) jogaria “para baixo” a melodia, sobretudo depois do refrão (“Verias que uma paixão...”), o que era sentido na avenida.

- Só muito tempo tempo depois fui entender essa coisa de compositor de escola, de fazer samba para o povo. Eu fazia para mim — explicou.

Outro leitor fez a pergunta que, difícil ou não, foi a que teve a resposta mais breve do compositor. “Você considera superado o episódio do réveillon de 1995?”. Na ocasião, Paulinho recebeu um cachê menor que seus colegas Caetano, Gil, Chico, Gal e Milton, o que gerou um mal estar entre eles.

- Considero — afirmou, simplesmente sorrindo.

No repertório, “Cenários” e “Eu canto samba”

O artista, que lança no Canecão na próxima semana seu CD “Acústico”, lembrou para a platéia sucessos como “Cenários” e “Eu canto samba”. Nesta, incluiu um trecho de uma música inédita, com versos como “O samba é meu amigo, meu advogado/ (...) A quem faço minhas queixas sem ninguém ver”. Depois de falar que a canção não era dele, contou a história.

- Na adolescência, eu ficava nas redondezas da União de Jacarepaguá, ouvindo os ensaios. Quando acabavam, sempre passava um senhor, magrinho, que vinha sozinho com sua cuíca, cantando. Nunca esqueci, era uma figura de enorme felicidade. Um dos sambas que ele, Joãozinho da Cuíca, cantava, era esse — contou, revelando um personagem pouco conhecido de sua formação.

Na conversa, revelou outras curiosidades, como ao falar de seu processo de composição:

- Tenho facilidade em fazer melodias em cima de letras. O contrário para mim é um enorme sofrimento — disse. — Uma vez, tentando botar letra sobre uma melodia de Elton (Medeiros), uma outra música veio inteira na minha cabeça, melodia e letra (era “Memórias conjugais”). Escrevi em dois minutos e depois continuei tentando pôr os versos na do Elton.

Era Paulinho, entre canções e perguntas fáceis e difíceis.