Quem já teve a oportunidade de conhecer uma quadra de escola de samba sabe que Mário Monteiro, diretor de arte de “Duas caras”, merece dez em todos os quesitos. Ele não economizou em detalhes para transformar o espaço dos ensaios da fictícia Nascidos na Portelinha num cenário que parece real. O local, montado no Projac, tem capacidade para comportar cerca de 800 foliões e é do tamanho da Acadêmicos da Rocinha, por exemplo. Na quadra de uma escola grande, como a do Salgueiro, cabem dez mil pessoas, compara Monteiro.
- A quadra da novela é um espaço múltiplo. Além dos ensaios e das típicas feijoadas, tem baile funk, pode ter disputa de jogos — enumera ele, que, como carnavalesco, tem experiência de longa data no ramo. — Convivo com esse universo há uns 200 anos...
Na quadra da Nascidos na Portelinha, há até blusas da escola sendo vendidas numa lojinha improvisada e croquis espalhados pela parede.
- Alguns daqueles croquis são meus; outros do meu pai que também trabalhava em escola de samba — conta o diretor de arte.
E, como não poderia faltar, a imagem do santo patrono da agremiação está num ponto nobre da quadra. No caso da escola da novela, a proteção vem de São Jorge. Só que, brincalhão, Monteiro quis mudar um pouco as tradições.
- São Jorge é do Império Serrano. O da Portela é Nossa Senhora da Conceição. Fiz isso para mexer com os portelenses — diz ele, que comprou a imagem numa loja de candomblé do Rio. — No Império, tem um São Jorge em tamanho natural. Mas, na maioria das escolas, o santo fica num lugar protegido. Por isso, o São Jorge da Nascidos na Portelinha pode ser coberto por uma cortina. É um negócio que eles respeitam. Durante os ensaios eles acham que pega mal o pessoal ficar bebendo e sambando e o santo ali exposto. Seria um desrespeito. É gozado isso.
Outra gaiatice do diretor de arte foi mexer nas cores da escola de mentirinha.
- Em vez de azul e branco, cores da Portela, fiz tudo em azul, branco e rosa. Foi uma mistura de Mangueira com Portela. Os portelenses ficaram meio grilados, mas são amigos nossos — diz Monteiro, que torce pelo Império Serrano. Mas o símbolo da Nascidos na Portelinha também é a águia, como o da Portela.
Na novela de Aguinaldo Silva, Dália (Leona Cavalli) será a carnavalesca e o enredo escolhido foi o circo . E, com a proximidade do carnaval, quando o autor pretende até gravar cenas na Sapucaí com a Portela e exibi-la na trama, cada vez mais a Nascidos na Portelinha ganhará vez.
- Diziam que o carnaval ia acabar no Rio, mas o que a gente vê é o contrário. As quadras estão sempre lotadas — diz Monteiro.
Na Nascidos na Portelinha não será diferente.
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