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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Wilson Moreira (Disco)

WILSON MOREIRA BATALHA PARA LANÇAR NOVO DISCO (sambanet – 02/08)



Quando Wilson Moreira teve problemas de saúde em 1997, o mundo do samba se reuniu em um show para ajudar no tratamento. Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Zé Ketti e Nelson Sargento foram à homenagem. A mídia pouco divulgou o evento, o que não impediu a presença de mil pessoas no Teatro João Caetano, no Rio. Meses depois, Wilson afirmou: “Vencemos a mídia.”


Agora, a batalha do compositor, autor de clássicos como “Goiabada Cascão”, “Judia de mim”, “Deixa Clarear” e “Senhora liberdade”, é voltar a gravar. As grandes gravadoras têm seus medalhões e as independentes exigem investimento do próprio bolso dos artistas. Wilson se diz decepcionado e explica que tem dois projetos engavetados por conta da desistência de patrocinadores:

“O samba sempre foi assim, passando por essa dificuldade. Depois que você grava, ainda tem que depender das rádios”, lamenta Wilson, acrescentando que, apesar das dificuldades, ele não parou de compor. “O compositor não pode parar. Continuo compondo muito. Até hoje me procuram pedindo música.”

Sem gravadora, ele apresenta suas novas composições nas rodas de samba para as quais é convidado. Será o caso do dia 19 de fevereiro, terça-feira, no Bar da Ladeira, quando fará uma participação especial na roda de samba promovida pela equipe do blog “O samba é meu dom”, que lançará no dia a segunda edição de seu jornal.

Os sambas de Wilson são marcados por uma forte exaltação à cultura negra, como nos discos “Entidades”, “Okolofé” e “Arte negra de Wilson Moreira e Nei Lopes”. Ele admite que sua música favorita é “Senhora Liberdade”, feita em parceria com Nei Lopes. Esse samba foi um sucesso na voz de Zezé Motta. 

Aposentado como Inspetor de Segurança Penitenciária, depois de também trabalhar como engraxate e guia de cego, Wilson recebeu uma proposta do parceiro e advogado Nei Lopes para fazer uma música na “área” deles. “Eu cantarolei pelo telefone a melodia. Geralmente eu faço a melodia. No dia seguinte, o Nei tinha feito ‘abre as asas sobre mim, oh senhora liberdade’. E depois, veio o resto”, lembra.

“Senhora Liberdade”, que a princípio se chamaria “Violenta emoção”, proporcionou momentos memoráveis ao Alicate, apelido que Wilson ganhou de Xangô da Mangueira por causa do forte aperto de mão. Ele lembra, por exemplo, de uma história que aconteceu durante um show no teatro Rival, no Rio.

“As pessoas estavam cantando em coro. Eu, que não levantava o braço por causa do AVC, fiquei parado igual a um Cristo no palco.” Ao ser avisado sobre a ansiedade da rapaziada do Samba da Amendoeira, grupo com o qual dividirá o palco no show do dia 19 de fevereiro, Wilson Moreira interrompe a conversa para mandar um recado:

“Avisa a eles que nós vamos fazer um samba de qualidade na terça-feira. Preparem as cadeiras, meninas, que eu vou cantar muito jongo e afoxé. Alô rapaziada, vamos chegar juntos no dia 19 de fevereiro lá no Bar da Ladeira”. O recado está dado.

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