Majestade do Samba

PORTELA é FATO E FOCO



sexta-feira, 27 de março de 2015

Paulinho da Viola (Desfile 2007)

NO TEMPO DE PAULINHO (O Globo – 11/02/07)

O desfile pela Portela, na segunda-feira de carnaval, será vivido por um Paulinho cada vez mais sintonizado com a realidade atual das escolas de samba, ele que foi, durante anos, um dos seus críticos mais atuantes.

- Vejo hoje que já não tem sentido ficar reclamando, ano após ano, dos caminhos que as escolas tomaram. As escolas existem, têm uma vida, são o que são, e ninguém pode mais fazer com que voltem a ser o que foram. Amo a Portela, amo a história da Portela e também as histórias das outras escolas. Mas sei que vivemos um tempo diferente, um tempo que preciso entender e respeitar. Afinal, as escolas ainda encantam o público, emocionam, e é o que conta.

Compositor vê com prazer a volta do carnaval de rua

Paulinho da Viola vê pelo menos um benefício resultante do megashow em que as escolas se converteram:

- Os que não podem participar, não conseguindo lugar nas arquibancadas do Sambódromo, estão se voltando para os blocos e, assim, retomando o carnaval de rua.

No começo da semana, Paulinho deu entrevista a um jornal de São Paulo sobre um tema baseado em frase atribuída a Vinicius de Moraes: “São Paulo é o túmulo do samba”.

- Acho que os paulistas se preocupam demais com isso — observa. — Primeiro, é preciso saber em que contexto Vinicius teria dito aquilo. Na minha opinião, o que os paulistas devem fazer é estudar mais e melhor o seu samba. Por exemplo: quando acabou, em São Paulo, a repressão policial ao sambista? Aqui, nós sabemos, pelo que nos contaram Cartola e outros daqueles tempos. Estudar isso é importante até para entender por que o samba de lá é como é.

Paulinho não esquece as diferenças de sempre: o Rio como cidade menos formal, mais solar, menos austera, mais alegre e, por fim, mais sambística. Com um detalhe para tornar o tema ainda mais complicado:

- Antes, dizia-se que o samba das escolas paulistas era marcha, porque inspirado nos blocos de embalo. Hoje, o samba das grandes escolas do Rio não é muito diferente.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Marçalzinho (Linhagem)


Marçalzinho e Moacyr Luz

GRIFE DA PERCUSSÃO BRASILEIRA (O Globo - 06/02/2007) 

Marçalzinho, juntamente com Moacyr Luz, reverencia pai e avô no CD ‘Sem compromisso’


Sem compromisso Moacyr Luz e Armando Marçal

Armando Marçal é herdeiro direto da mais importante linhagem de percussionistas do samba. Seu avô, também Armando, foi um dos precursores do gênero, formando com Bide (Alcebíades Barcelos), uma dupla inventiva, pioneira, responsável por clássicos como “Agora é cinza” e “A primeira vez”. Seu pai, Nilton, virou Mestre Marçal por comandar por mais de 20 anos a bateria da Portela e por ser um excelente cantor de sambas. Agora, Marçalzinho, que já acompanhou Pat Metheny, James Taylor, Caetano Veloso e também comandou os ritmistas da Portela, homenageia, juntamente com Moacyr Luz, o pai e o avô no belo CD “Sem compromisso” (Deckdisc).

Mais do que cantar sambas de Bide e Marçal, ou clássicos eternizados por Mestre Marçal, como a faixa-título, de Geraldo Pereira, a dupla ressalta — graças ao raro encontro entre violão, voz e percussão — a elegância, a sofisticação e a simplicidade do gênero. Marçalzinho e Moacyr Luz optaram pelo ambiente como conceito. E isso é possível reparar desde a primeira faixa, “A primeira vez”, gravada por Orlando Silva, em 1939. Acompanhado por uma percussão leve e por seu violão denso, Luz está mais contido, como se estivesse saboreando cada palavra, dividindo a música em um divertido diálogo com a síncope. É esse o clima do disco, mesmo quando Marçalzinho lança mão de uma percussão mais pesada. E nesse conceito a regravação de “Contentamento”, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro é um achado.


 Duas regravações de Luz merecem também destaque especial. “Rainha negra”, de seu disco “Vitória da ilusão”, de 1995, faz parte de uma série de sambas-homenagens, com Aldir Blanc, para personagens do samba, neste caso, Clementina de Jesus: “Saúdo os deuses negros/ Da serra-mar, céu de Quelé/ Para o povo brasileiro/ Rainha Negra da voz/ mãe de todos nós”. Já “Mandingueiro”, também com Blanc e nome do seu disco de 1998, ganha roupagem estilizada. Parceiro mais recente de Luz, Hermínio Bello de Carvalho empresta seus versos para “Quem mandou”: “Quase às tontas, que nem foragido/ que escapasse de uma prisão/ Meu coração bandoleiro, ele age/ feito um carro na contramão.



Dupla regrava clássicos esquecidos de Bide e Marçal

Mas o disco também tem o mérito de trazer à tona sambas injustamente esquecidos de Bide e Marçal. Dois deles, apesar de conhecidos pelos aficionados do gênero, são pouco lembrados. “Barão das cabrochas”, um delicioso samba-auto-exaltação, e “Não diga a minha residência”. São dois clássicos da dupla e representativos do formato estilizado da turma do Estácio. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Ciraninho e Diogo Nogueira (Jovem Guarda Portelense)

CALOUROS ENTRE OS BAMBAS (O Globo – 06/02/07)

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A jovem guarda vencedora do samba-enredo da PORTELA para 2007

Quem acompanha as disputas em que as escolas elegem seu samba-enredo sabe que essa briga é feia. Os compositores fazem de tudo para ter sua letra cantada na Sapucaí e ganhar uma bolada de dinheiro. Para os mais jovens, é ainda pior, porque eles têm que convencer os jurados de que idade não é documento. Mesmo assim, uma turma nova vem conquistando as caixas de som do Sambódromo. Este ano, escolas grandes, como Portela e Salgueiro, levam para a avenida sambas feitos por compositores na casa dos vinte anos.
 
Também integrantes do grupo de compositores do samba deste ano do Simpatia é Quase $, Diogo Nogueira, de 25 anos, e Ciraninho, de 26, estão entre os encarregados dessa renovação. Seu samba, com Celsinho de Andrade, sobre os Jogos Pan-Americanos, foi abraçado pela comunidade portelense desde a primeira fase eliminatória, em agosto. Na final, em outubro, derrotou músicas de verdadeiras lendas vivas, como Noca da Portela e Monarco. 
 
- Rola preconceito, sim. Essa coisa de eu ser novo incomoda alguns veteranos. Teve até gente dizendo que o samba não é nosso, que assinamos a letra de outros — conta o filho do falecido bamba portelense João Nogueira, que, nunca venceu a disputa. 
 
Os sambas concorrentes são apresentados em noites semanais nas quadras das escolas. Depois da vitória, numa quadra da Portela lotada, fofocas de bastidor davam conta que a letra fora escrita pelo mestre Arlindo Cruz, amigo de Diogo. Mas o veterano nega e diz, publicamente, que o samba “é dos garotos”. E Nogueira deixa claro que as acusações não partiram de nenhum dos bambas na disputa. Noca da Portela até elogia: 
 
- Toda escola precisa se renovar. Alguns veteranos preferem falar mal. Mas eu, não. Também passei por isso. Os jovens de hoje são o Noca de ontem. 
 
O compositor venceu a disputa pelo samba da Portela seis vezes. Na primeira, em 1976 , tinha 33 anos. Mas Noca vinha brigando por isso desde os 24, mesma idade de Marcelo Motta, que este mês vai ouvir seu samba na Sapucaí. Ele e Zé Paulo, de 22 anos, estão na parceria campeã das eliminatórias do Salgueiro. O enredo é sobre Candace, dinastia de rainhas africanas anterior à Era Cristã. 
 
A alegria é inexplicável. É a minha escola do coração... — conta Motta, que no início recebeu olhares atravessados. — O começo foi difícil. Eu ia na reunião dos compositores com a camisa da escola. 
 
O compositor não é mais novato. Esta foi a sexta vez que ele participou da disputa (Diogo Nogueira só havia concorrido uma vez). 

Zeca Pagodinho (Aniversário)

ZECA PAGODINHO FAZ ANIVERSÁRIO NA SAPUCAÍ (04/02/07)
 
E pouca gente arredou pé antes do show de Zeca Pagodinho. O sambista comemorou ontem seu aniversário de 48 anos e sua ida à Passarela teve direito a bolo com as bandeiras da Portela e da Grande Rio.
 
- Vou ser homenageado pela Grande Rio pela minha ligação com Xerém e estou muito feliz. Mas meu coração é portelense, todo mundo sabe disso.

 

Marquinhos de Oswaldo Cruz (Jovem Guarda Portelense)

RESPEITO É BOM (Jornal Extra - 03/02/2007)
 
Aos 45 anos, Marquinhos de Oswaldo Cruz tem um respeito enorme pelos mais velhos. Ele chama os antigos sambistas de “Seu” Monarco, “Seu” Argemiro, “Seu” Xangô e por aí vai: “Fui criado com essa coisa de respeitar os mais antigos. É um costume. Tem uns que gostam e outros que ficam meio chateados”.
 
Outra homenagem
 
A música “Naval da Sedofeita” é um choro típico dos bailes de gafieira. De acordo com o músico, houve quem o inspirasse: “Naval foi um músico do subúrbio, que escrevia na pauta as músicas dos sambistas. E Sedofeita era uma gafieira em Bento Ribeiro”. No fim, Tia Doca recita um texto de Paulo da Portela.
 
A feijoada
 
Marquinhos resgatou também a feijoada que acontece toda semana na Portela. “A escola estava para descer (de grupo no carnaval) em 2000, e eu disse que tínhamos que reunir a família portelense. No enterro de Seu Argemiro, falei em fazermos a feijoada. Fomos de casa em casa convidando as pessoas”, lembra.
 
Serviço
 
O músico estará no “Pagode da Família Portelense”, hoje, a partir das 13h. Enquanto Marquinhos lança e autografa o novo CD, o cantor Ivan Lins dá uma canja e apresenta sucessos. O ingresso custa R$5, e a famosa feijoada sai a R$7. A quadra da Portela fica na Rua Clara Nunes 81, em Madureira.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Majestade do Samba (32ª Edição - Fev/2007)

Zeca Pagodinho (48 anos)

ZECA PAGODINHO VISITA CIDADE DO SAMBA E DIZ QUE VAI FESTEJAR SEUS 48 ANOS NA SAPUCAÍ (O DIA – 31/01/07)
 
 

Sambista promete cantar seus sucessos depois dos ensaios técnicos no próximo domingo.

Acostumado a ficar em sua casa na Barra ou em Xerém curtindo a família, Zeca Pagodinho teve um dia diferente nesta quarta-feira. O sambista passou boa parte do dia na Cidade do Samba e visitou os barracões da Grande Rio e da Portela. Ao lado da esposa Mônica, do filho Eduardo e das duas filhas, o portelense acompanhou a visita do ministro Gilberto Gil à Grande Rio, no início da tarde. 

 
Prestes a completar 48 anos, ele revelou que, atendendo a um pedido do presidente da LIESA, Capitão Guimarães, vai festejar seu aniversário no ensaio técnico da Sapucaí, no próximo domingo. O presente, porém quem vai ganhar são os fãs, pois Zeca deverá cantar alguns de seus sucessos ao lado de Jorge Aragão, no palco armado em frente ao Setor 3. "Já acertei duas vans só para levar minha família. Faço questão que meus pais estejam presentes", disse.
 
Depois de conhecer a alegoria n° 8 da Grande Rio, onde virá no desfile, o cantor que lançou recentemente um disco baseado no som das gafieiras disse que não terá problemas ao defender outra bandeira na Avenida. "Todo mundo sabe que sou Portela de coração, por isso se a Grande Rio resolveu me homenagear só posso me sentir mais honrado ainda", explicou. 
 
Sobre as chances das duas escolas, o compositor afirmou que ficaria muito feliz se a Portela ganhasse, mas também ressaltou que um título para a Baixada seria muito bom. "Há muito tempo que torço para a Grande Rio ser campeã. Morei muito tempo em Xerém e sei como seria bom para levantar a auto estima das pessoas. O povo iria delirar". Segundo ele, existe uma solução para que das duas saiam bem da Sapucaí. "O ideal seria um empate entre a Grande Rio e a Portela", brincou.
 
Ao chegar no barracão da azul e branco, Zeca, que virá na 5ª alegoria ao lado da velha-guarda show fez questão de elogiar o samba-enredo da Portela. Em seguida, conversou com o presidente e perguntou sobre o compositor Monarco. Entre uma cerveja e outra, ele reclamou o fato de as rádios não tocarem mais sambas como antigamente e lembrou dos tempos em que desfilava nos blocos "Boêmios de Irajá" e "Urubu Cheiroso". Já no final da tarde, ele ainda conferiu uma gravação da Unidos da Tijuca e tirou fotos com dezenas de fãs. Para os que perderam a chance, o consolo é esperar até domingo.

Marquinhos de Oswaldo Cruz (Disco)

FEIJOADA DA PORTELA RECHEADA DE ATRAÇÕES (site da Escola – 30/01/07)


 
Marquinhos de Oswaldo Cruz autografa disco
 e Ivan Lins dá canja
 
No mês do Carnaval, a melhor opção de lazer no Rio de Janeiro, para cariocas e visitantes, é ouvir uma boa batucada. E a nossa Portela apresenta, no próximo sábado, dia 3, mais uma edição do Pagode da Família Portelense.
 
Criada pela Velha Guarda da azul e branco e pelo sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz, a roda de samba começa às 13h, com direito à deliciosa feijoada preparada pelas baianas da agremiação. Marquinhos, aliás, vai fazer do consagrado evento a tarde de autógrafos de seu novo disco, "Memórias de Minh'alma".
 
Quem também promete agitar o sábado na Portela é o cantor Ivan Lins, que vai brindar o público com sucessos como "Emoldurada", música que compôs para a mulher, em homenagem à escola de bambas como Monarco, Tia Doca e Tia Surica.
 
A quadra da Portela fica na rua Clara Nunes, 81, em Madureira.
Pagode da Família Portelense
Horário: 13h
Ingresso: R$ 5
Feijoada: R$ 7
Classificação etária: Livre
Telefone quadra: (21)2489-6440