Majestade do Samba

PORTELA é FATO E FOCO



terça-feira, 29 de julho de 2014

PORTELA 2007 (Diogo Nogueira)

DE SURFISTA A COMPOSITOR (Jornal de Bairros – O Globo - 05/11/2006) 

Filho de João Nogueira, Diogo Nogueira pega onda na Barra, onde mora, com a camisa da Portela, já em clima de carnaval, pois é um dos autores do samba da azul-e-branco para 2007. Ele reverencia os mestres da velha-guarda, mas diz que a escola precisa se renovar.
Diogo Nogueira vence a disputa do samba-enredo 2007 da Portela e troca de vez o futebol pela boemia.

Diogo Nogueira tentou o quanto pôde fugir do samba: dedicou-se ao surfe e começou a carreira no futebol. Mas, como cantava seu pai, João Nogueira, “ninguém faz samba só porque prefere, força nenhuma no mundo interfere, sobre o poder da criação”. Poder esse que consagrou o samba de Diogo, em parceria com Ciraninho e Celsinho de Andrade, para a Portela em 2007. Feito que o próprio João Nogueira nunca conseguiu.

O samba-enredo vencedor, “Os deuses do Olimpo na terra do carnaval: uma festa dos esportes, da saúde e da beleza”, desbancou bambas da concorrida ala de compositores da azul-e-branca, como Monarco e Noca da Portela.
 
- A emoção de ganhar na Portela foi indescritível. Ainda mais competindo com meus ídolos e sabendo o quanto meu pai desejou esse título. Mas fizemos um samba vencedor e a Portela merece uma renovação — conta Diogo.
 
A parceria de Diogo, Celsinho de Andrade e Ciraninho (Cirano de Castro) começou no meio do ano. Eles ficaram em segundo lugar no III Concurso Música Popular Brasileira do Sambola, que celebrou em agosto os 30 anos da casa noturna, na Abolição. Para a disputa portelense, o samba foi feito em apenas quatro dias. Diogo desenhou a melodia e, com Ciraninho, burilou a letra. Celsinho de Andrade, que cresceu nos domínios da águia portelense, foi responsável pela pesquisa histórica.
 
- Foram quatro dias intensos, tentando achar o melhor refrão, compor um samba alegre, mas ao mesmo tempo robusto: que enfrentasse bem os 80 minutos de desfile. Fizemos os últimos arranjos já no estúdio — relembra Ciraninho, que veio da União da Ilha e obteve permissão de última hora para entrar na Ala de Compositores da Portela.
 
A vitória, para Diogo, comprovou a escolha profissional pelo samba. Apaixonado por futebol, uma contusão impediu sua estréia na categoria profissional. Há que acredite que tenha sido uma rasteira de seu pai (que morreu em 2000) e não escondia o orgulho em ver o filho cantar.
 
- Eu me lembro bem da primeira vez em que subi num palco. Estava vendo um show do meu pai em Salvador e, assim, de surpresa, ouvi meu nome. Fui tremendo — diz Diogo.
 
A vitória instigou ainda mais a vida boêmia de Diogo, que, aos 25 anos, tem trocado a noite pelo dia em shows, rodas de sambas e apresentações para divulgar o samba da Portela para 2007. As partidas de futebol e as visitas ao mar são cada vez mais raras.
 
- Quero recuperar o apego pelo samba-enredo, mais alegre e com delicadeza na melodia. Além disso, estou organizando um CD com músicas inéditas, em homenagem ao meu pai. Algumas, composições minhas — revela o novo compositor, há 25 anos nas quadras de samba.

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