Rumo
à estação ziriguidum - Bambas embarcam no trem do samba para comemorar sua data
e renovar geração de artistas.
Quando Paulo da Portela começou a reunir um monte de sambistas dentro de um vagão de trem da Central em 1926, certamente não imaginava que aquelas viagens repletas de bambas do Estácio rumo a Oswaldo Cruz — e que dariam origem à saga da Portela — prosseguiriam veneradas oito décadas depois. Hoje, Dia do Samba, a viagem continua — lotada de baluartes, jovens compositores e fãs do gênero que dos trilhos ganhou asas e o mundo.
À frente do trem do samba, está o bamba Marquinhos de Oswaldo Cruz, idealizador da volta do balanço e do batuque aos trilhos em 1996. No roteiro da viagem, além da descontração, seguem o resgate de uma tradição e o desejo de relembrar à população — nestes tempos de axé, sertanejos e batidas eletrônicas — o ritmo que embala o país desde o Império.
- Oswaldo Cruz vive dessa memória. Nesse dia,
todo mundo se lembra do samba. O grande feito do Dia do Samba é aflorar essas
histórias. Cultura é luta. Se não houver uma data, ficamos sem um grito de
guerra. E o trem é uma forma de mostrar que há vida cultural às margens da
Linha Amarela e da Linha Vermelha — diz Marquinhos de Oswaldo Cruz.
- A ideia do trem é genial. O samba tem andado muito por baixo. Não nas escolas, mas no dia a dia dos espetáculos. A data faz com que o samba nunca deixe de ser lembrado. O samba agoniza, mas não morre. Tanto que já penetrou na elite — comemora Bira Presidente, do Cacique de Ramos.
Homenagem a bordo
E se o objetivo da viagem é homenagear e cantar o samba, natural que baluartes como Nelson Sargento, Tia Surica e Monarco tenham direito a lugares de honra nos vagões.
- A data é importante porque é uma forma de
reconhecimento principalmente para os grandes baluartes que apanharam para
carregar essa bandeira do samba, os grandes mestres que reverenciamos nos
shows. Os mais jovens cantam hoje Noel Rosa, Cartola, Cavaquinho e Candeia na
Lapa. Se estivessem todos vivos hoje, ficariam muito felizes. Isso sem falar da
visibilidade conseguida através da mídia, que propicia uma renovação cultural —
conta Adilson Pires, diretor da Velha Guarda da Vila Isabel.
Aprovação na gare
E se depender dos passageiros, as viagens do trem do samba podem continuar.
- Acho bom que haja uma homenagem dessa maneira porque se chama o público para conhecer um pouquinho do samba. Participei este ano do trem do funk e vou participar do trem do samba também — diz a desempregada Natacha da Silva, de 20 anos.
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A ideia é boa, ao menos uma vez por ano.
O samba precisa ser homenageado — completa o balconista Ricardo Nascimento, de
18.