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terça-feira, 7 de abril de 2015

PORTELA 2007 (Barracão)

PORTELA ENTRA EM RITMO DE MARATONA PARA TERMINAR CARNAVAL (14/02/07)



No barracão da azul-e-branca, ritmo de trabalho é de 24 horas. Escola pega carona no Pan para enaltecer o esporte.

No barracão da Portela, a maratona é intensa. Afinal, a menos de uma semana para os desfiles do Grupo Especial, a correria é grande para terminar os oito carros da escola para o enredo “Os deuses do Olimpo na terra do carnaval, uma festa do esporte, saúde e beleza”, dos carnavalescos Cahê Rodrigues e Amarildo de Mello. Mas, para os portelenses de plantão, eis uma boa notícia: a azul-e-branca de Madureira já está com seis alegorias prontas para o desfile, na próxima segunda-feira (19).

“Estamos trabalhando em dois turnos, 24 horas por dia. É uma superação diária de desafios. O trabalho atrasou porque a verba do Ministério dos Esportes chegou só em fevereiro. Mas todo o nosso projeto de carnaval foi concluído. A Portela não vai terminar o carnaval na Avenida”, garante Amarildo, em seu terceiro ano na escola.

Este ano, a Portela pega carona nos Jogos Pan-Americanos, que acontecem no Rio de Janeiro, para exaltar a importância dos esportes na sociedade. Por isso, os carnavalescos foram buscar na Grécia o ponto de partida para o enredo. A abertura da Portela conta ainda com a presença das baianas, que este ano personificam Nikés, a deusa grega da vitória. Para a fantasia, foram usados mais de 4,8 mil metros de tecido pintados à mão. 

“Criamos uma espécie de fábula em torno do esporte, para que a gente tivesse mais elementos que carnavalizem o tema”, disse Cahê Rodrigues, de 31 anos, ex-Porto da Pedra. “Está faltando carnaval no carnaval. Os enredos estão cada vez mais sérios. Estamos numa festa, que é a mais popular do mundo”, completa Amarildo.

O enredo cita também o Barão de Coubertin, destaque do terceiro setor da escola. Foi ele quem teve a idéia de trazer de volta a tradição olímpica, no século 19, para incentivar o esporte. “Ele, inclusive, criou o Comitê Olímpico Internacional (COI). É o momento que entramos na história recente das Olimpíadas. Este setor foi muito inspirado no estilo art noveau”, destaca Amarildo de Mello.

O espírito olímpico está presente nos segmentos tradicionais da escola. A bateria vai usar terno e gravata para representar a “Delegação Medalha de Ouro da Portela”. Já o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego e Alessandra, lembram a cerimônia em que a famosa tocha é acesa. “É uma tradição que permanece viva de Olimpíada em Olimpíada”, acrescenta Cahê Rodrigues.

Quase cem atletas vão desfilar na azul-e-branca de Madureira

Como esporte sugere leveza, a Portela vai levar este ano carros maiores e mais vazados do que os anos anteriores. A idéia é dar mais visibilidade aos quase cem atletas que a azul-e-branca vai levar para a Avenida. Nomes como Daiane dos Santos, Danielle Hypólito e Diego Hypólito estão confirmados no desfile da escola. Mas a grandiosidade não está descartada – sobretudo na águia, o símbolo altaneiro da Portela. 

“Ela já está pronta. Tem 13 metros de asa a asa e vai atingir uma altura de nove metros. Fiz questão de resgatar a nobreza e a expectativa que esse símbolo gera. Não sei se é a águia mais bonita, mas, com certeza, é uma das mais belas que a Portela já apresentou. Eu falo isso quando vejo a impressão do portelense aqui no barracão. A Portela merece uma águia grandiosa”, afirma o carnavalesco Cahê Rodrigues.

O símbolo da escola desfilará em uma arena grega, com direito a movimentos e sons na Avenida. “Na mitologia grega, a águia é a ave sagrada de Zeus, o grande deus do Olimpo. No desfile, ela vai içar uma grande surpresa na Sapucaí”, adianta Amarildo de Mello.

Mas a águia não vem sozinha este ano. Ele desfila num pede-passagem, que antecede o abre-alas da escola – uma representação da Grécia com um total de 21 outras águias, cada uma simbolizando um campeonato da escola. Mas essa overdose não pára por aí: no último carro, mais uma águia está sendo confeccionada. 

A prata da casa azul-e-branca encerra o desfile da Portela. No último setor, os carnavalescos fizeram uma espécie de “Contos de areia” na Grécia. Explica-se: a exemplo do enredo de 1984, quando a Portela enalteceu três baluartes de sua história (Paulo da Portela, Natal e Clara Nunes) comparando-os com orixás africanos, Cahê Rodrigues e Amarildo de Mello vão mostrar a correlação de bambas da Portela com deuses da mitologia grega.

“A nossa velha-guarda vai desfilar no último carro, que faz um paralelo com o Brasil, a África tão presente no carnaval e a Grécia, terra-mãe dos esportes. Os deuses gregos se juntam aos grandes nomes da Portela para acender a chama de três vitórias: a do Rio de Janeiro, por ter conseguido sediar os Jogos Pan-Americanos; a vitória de cada atleta que compete; e a vitória tão esperada pela Portela”, finaliza Amarildo de Mello.

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