AMOR À TRADIÇÃO E DESEJO DE RENOVAR (O Globo – Jornal de Bairros - 10/12/06 )
Nova geração de sambistas reverencia o passado da escola mas defende a necessidade de mudar.
Monarco sabe o que diz quando recomenda o apoio à jovem guarda portelense. Ele mesmo, aos 17 anos, cantou seu primeiro samba na escola e recebeu a aprovação de Natal, homem forte da escola. Uma estreia tão boa quanto a de dois compositores do samba de 2007, Diogo Nogueira, de 25 anos, e Ciraninho, de 26.
Diogo, filho de João Nogueira, não esconde o orgulho de suas raízes portelenses e acredita na importância dessa nova geração de componentes.
- É importante a renovação na escola. Frequento a quadra desde os 5 anos e, quando entrei aqui pela primeira vez, comecei a chorar. É com essa emoção de portelense que, mesmo sem ver a escola ganhar, continuamos participando e investindo — diz.
Puxador nasceu quatro meses após carnaval de 1970
Seu parceiro Ciraninho é igualmente jovem, mas não tem as mesmas raízes em Oswaldo Cruz. Vindo de escolas dos grupos de acesso, foi convidado por Diogo a integrar a Ala dos Compositores e, assim, concorrer com sua composição. A ala é presidida por Júnior Scafura, de 27 anos. Apesar da pouca idade, ele já desfila na escola há 15 anos e participa da ala desde 1998.
Vinte e sete anos é também a idade de Nilo Sérgio, mestre de bateria que estreou no comando dos ritmistas este ano.
- A Portela é minha casa há 16 anos. Mais que uma responsabilidade ou um desafio, comandar a bateria da escola é um grande prazer — reconhece Nilo, que ganhou o Estandarte de Ouro de revelação no carnaval passado.
Grande responsabilidade também é a de Marcelo Jacob, diretor de harmonia, aos 35 anos, e criado na escola. Outro portelense desde criancinha é o puxador Gilsinho. Com 36 anos, é quatro meses mais novo que o fatídico último título inédito. Ocupará o cargo pela segunda vez.
- Sou filho de Jorge do Violão, da Velha Guarda, cresci na quadra da escola e desfilei muito na bateria. Quando me convidaram para ser puxador, nem acreditei. Era a realização de um sonho — diz.
Cargos importantes também para jovens de fora
Jovens em cargos-chave não são exclusividade das crias da casa. É o exemplo do caçula dessa jovem guarda, o primeiro mestre-sala Diego Falcão, de 21 anos, que chegou à escola por meio de um concurso e já está no segundo ano no posto.
O carnavalesco Cahê Rodrigues, com apenas 30 anos, será o responsável pela realização do enredo sobre competições esportivas, ao lado de Amarildo de Mello. Formado na Beija-Flor e egresso da Porto da Pedra, é considerado uma promessa. Na parte operacional, a responsabilidade recai nas costas de João Costa Lopes, de 25 anos, o diretor de barracão. É ele que coordena o trabalho de operários de todas as áreas, com firmeza de quem conhece o mundo do samba desde criança.