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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Monarco em Paris


Madureira samba na Bastilha (O DIA - 29/06/05)

De Madureira para a França. Bamba da Velha-Guarda da Portela, Monarco ostenta com orgulho no passaporte três viagens nessa rota. Todas no embalo do samba. Pois semana passada ele ganhou novo carimbo no Aeroporto Charles de Gaulle. Foi com os companheiros da azul-e-branco fazer dois shows em Toulouse e Paris. A novidade desta vez foi ele passar um dia sozinho na capital francesa. “O pessoal da Velha Guarda foi embora e só dois dias depois chegou a Teresa Cristina”, conta ele, que dividiu palco com a cantora, Ivo Lancelotti e os músicos do Semente na inauguração do Espaço Brasil, semana passada na capital francesa.

Mas foi no dia em que ficou sozinho que Monarco se deu conta de que, se a música ultrapassa fronteiras, a barreira do idioma é difícil de transpor. “Fui no restaurante na frente do hotel, mas não estava conseguindo me entender com o garçom. Dei sorte que na mesa do lado tinha um português e ele pediu um frango para mim. Aprendi: é poulet (fala-se pulê)”, comemorava ele, que manteve a rotina de exercícios da Zona Norte carioca. “Todo dia acordo cedo e dou uma volta no quarteirão. É uma hora de caminhada. Mas aqui é uma beleza, quase não tem carro na rua e ninguém para perturbar”, elogiava o bairro onde ficou.

Em um passeio pelo Boulevard Richard-Lenoir, Monarco se encantou com o monumento da Bastilha. “Sempre vi nos filmes”, lembrou o sambista. Ao ser informado de que fora confirmada ali a vitória do povo sobre a realeza revolução que transformou a França em uma democracia, disparou: “É muito bonito”. Bonito, mas não perfeito. “Estou louco para voltar para minha pretinha”, confessou.

PARIS. A temporada deste mês foi a segunda de Monarco este ano na França. Em fevereiro ele esteve na capital com a Velha Guarda. “Era um gelo. Na hora de ensaiar, ia todo mundo encapotado. Ainda bem que agora é verão”, dizia sem se incomodar com a falta de ar-condicionado na cidade. Vai ver era o pôr-do-sol às 22h30 que o encantava tanto.

HISTÓRIA. Monarco lembra que começou a trabalhar aos 14 anos na Associação Brasileira de Imprensa. “Eu preparava mesas de bilhar para o Villa-Lobos”, rememora ele, que foi guardador de carros. “Se não tivesse virado músico, de repente nem tinha saído do País”, ponderava antes de seguir para o aeroporto abastecido por Teresa Cristina. “Ela me deu cerejas para comer.”

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