VELHA GUARDA DESFILA AO SOM DA VOZ E DE APLAUSOS (O Dia - 02/2005)
A Passarela do Samba viu nesta madrugada um dos desfiles mais emocionantes da história do carnaval. Ao som apenas das próprias vozes e dos aplausos comovidos do público, a velha-guarda da Portela pediu e conseguiu passagem, depois de ser barrada no setor 1 por ordem de seu próprio presidente, preocupado em perder pontos por estourar o tempo.
O desfile propriamente dito foi uma sucessão de contratempos. A águia do abre-alas, o mesmo que pegou fogo na semana passada, não teve as asas acopladas a tempo e o símbolo da Portela desfilou mutilado. O último carro, que trazia outra águia, quebrou na concentração. Faltavam poucos minutos para o fim do desfile e as alas começaram a correr para chegar ao começo da avenida. Tudo em vão. Os portões foram fechados. A águia atravessou a pista sozinha, mas apenas para não ocupar espaço no setor 1. O carro que a carregava foi tirado por um reboque.
A velha-guarda avançou aos poucos. Conseguiu chegar ao setor 1, onde foi muito aplaudida. Impedidos de entrar na Sapucaí, muitos começaram a chorar, passaram mal, e tiveram que ser atendidos, entre eles Tia Surica, uma das figuras mais ilustres da escola.
Em meio à confusão, parte da velha-guarda conseguiu furar a segurança e entrar na avenida junto com a alegoria da bandeira brasileira com a foto do embaixador Sergio Vieira de Melo. Arquibancadas, frisas e camarotes se uniram em aplausos.
Pouco depois, vieram a velha-guarda e os compositores, também barrados, conduzindo um desfile inesquecível, lembrando ao mundo que quando se trata da velha guarda da Portela, o samba é a sua nobreza.
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