O espetáculo, em cartaz amanhã no GLOBO, tem entrada franca.
A série Encontros O Globo — Especial Ciclo de Leituras abriu sua temporada de 2007 na semana passada com uma apresentação do espetáculo “Ai, que saudades do Lago”, que levou ao palco a vida de Mário Lago, regada a marchinhas. Toda terça-feira, até o dia 13 de fevereiro, um novo musical será encenado com entrada franca no auditório do jornal, na Rua Irineu Marinho 35, na Cidade Nova. A atração de amanhã será “A História de Paulo Benjamin de Oliveira — O Paulo da Portela”, com Alexandre Moreno (que vive o protagonista) e Zezé Motta (que interpreta sua mãe), entre outros.
Protagonista lutou para popularizar o samba
O herói da história nasceu há quase 106 anos, e sua importância não se resume à participação na criação da Portela. Igualmente relevante foi a sua luta para popularizar o samba e apagar o estigma de que os sambistas eram vagabundos ou marginais. Apesar de só ter tido instrução primária e ter trabalhado desde cedo para ajudar a família, Paulo se expressava com eloquência, tinha bons modos e se vestia de maneira elegante. Era conhecido pelo epíteto de “professor”.
No bairro pobre de Oswaldo Cruz, onde morava na década de 1920, ele foi um dos líderes do bloco Baianinhas de Oswaldo Cruz, que costumava desfilar em direção à Praça Onze depois do bloco infantil Quem Fala de Nós Come Mosca, pegando ‘de empréstimo’ a licença que havia sido dada a este pela polícia. Em 1926, os dois blocos foram fundidos no Conjunto Oswaldo Cruz, que depois virou Quem Nos Faz é o Capricho, depois Vai Como Pode, e, finalmente, Portela.
Os sambas de Paulo foram gravados por grandes nomes do rádio, como Mário Reis e Carlos Galhardo. Com Cartola, ele apresentou o programa “A voz do morro, em 1941, na rádio Cruzeiro do Sul.
No carnaval desse mesmo ano, durante o desfile na Praça Onze, Paulo se desentendeu com a direção da escola, que tentou proibir que ele e os amigos Heitor dos Prazeres e Cartola desfilassem, ao chegarem de uma viagem a São Paulo. Os três apareceram vestindo camisas listradas de preto e branco, com as quais desfilaram no estado vizinho, no Grupo Carioca. As cores da Portela são azul e branco. Depois da briga, Paulo se mudou para a pequena agremiação Lira do Amor.
- O espetáculo é a história da vida de Paulo, do nascimento à morte, e as músicas se inserem naturalmente no meio da trama. Uma das mais importantes é “O meu nome já caiu no esquecimento”, que ele compôs ao deixar a Portela e em que chora suas mágoas — diz o autor, Wilson Machado.